A moda dos rodízios e temakerias perderam a tração ao longo dos anos enquanto opções mais personalizadas, como o Omakase, despontaram entre a preferência dos foodies. O termo, que significa “eu confio em você”, refere-se a uma jornada sensorial onde o chef é quem dita o menu de acordo com ingredientes sazonais.
Embora a experiência seja considerada o crème de la crème da gastronomia japonesa, destacar-se em um setor já prestigiado demanda muito além de qualidade, criatividade e o domínio das técnicas. Nesse aspecto, o Watanabe Restaurante, localizado Itaim Bibi, região oeste de São Paulo, transcende as expectativas.
Com passagens por renomados estabelecimentos do cenário gastronômico paulistano, como Nagayama, Kosushi e Kitchin, o chef Denis Watanabe é quem lidera o restaurante, aberto em 2021. Batizado em homenagem ao sobrenome da família, o espaço reúne não apenas os 20 anos de trajetória do sushiman, mas, sobretudo, os ensinamentos que aprendeu desde os quatro anos de idade, quando auxiliava no restaurante da avó, no tradicional bairro da Liberdade.
O Conceito
Inspirado em endereços badalados da América, como Nobu e Zuma, o espaço também carrega as vivências que Denis trouxe de suas viagens ao Japão. O resultado dessa fusão vai além da arquitetura rústica e sofisticada, se estendendo a um menu que equilibra a tradição japonesa com a avant-garde criativa do chef.
Além do Omakase (R$430 por pessoa), as obras de arte gastronômicas também complementam o cardápio à la carte do Watanabe. A exemplo da ousada Jamontategai (R$56), vieira japonesa selada com manteiga trufada, jamón ibérico finalizada com ovas de mujjol, wakame e molho ponzu, que promete não mascarar o sabor adocicado e delicado da vieira.
O Omakase
São nos detalhes que se revelam as maiores grandezas e essa afirmação é reiterada no início da experiência, que consiste em duas entradas quentes e uma fria, cinco sashimis, 10 niguiris e sobremesa.
A experiência começa com o delicado Gyoza de Lagosta, servido em molho beurre blanc com curry e flor de sal, que realça a suavidade do recheio. Já a Couve de Bruxelas, pouco comum na mesa paulistana por seu leve amargor, surpreende ao ser salteada em molho cítrico, conquistando o paladar até dos que não são adeptos do vegetal. Na sequência, o sofisticado Tartar de Salmão com Centolla, molho ponzu e ovas de mujjol vem acompanhado de nori crocante.
A sessão de sashimis abre com Robalo sobre folha de shiso e karasumi ralado, que ganha sabor especial com saquê na cura. Entre as peças de destaque estão a Vieira com flor de sal e o polvo português com togarashi, seguidos por Atum Bluefin e Haddock defumado.
Na sequência de niguiris, a fusão entre tradição e vanguarda é evidente, como no Pargo com umeboshi e no Haddock em tempurá com mel trufado. O ritual japonês está presente até no detalhe da caixa de hashi, mas vale honrar a tradição e saboreá-los com as mãos.
As releituras são refinadas: o niguiri de vieira é cortado em “borboleta”, revelando uma apresentação única, enquanto o salmão selado no carvão japonês substitui o maçarico comum. Nas criações contemporâneas, o nori snack de Black Cod, assado por 72 horas em molho de missô, ganha destaque, assim como a icônica Unagui, grelhada em estilo tabayaki, que recebe creme de avocado e ovas de massago.
Em virtude do sabor marcante, o Atum com Foie Gras encerra a experiência em grande estilo. Para tornar a dupla ainda mais icônica, Denis acrescenta geleia de figo na combinação. O resultado no paladar é uma caramelização que surpreende pelo contraste entre o doce da fruta e a textura aveludada do foie.
A Doçura da Harmonização
Na sobremesa, o exclusivo Sorbet de Wasabi com maracujá e farofa de pixuri – criado por Denis em parceria com a Momonoki – proporciona um final refrescante e bem equilibrado em acidez, concluindo a experiência com uma nota vibrante.
Espetáculo à parte, a carta de drinks autorais reforça a narrativa contemporânea do Watanabe. De quantidade comedida, os coquetéis exalam requinte e sofisticação na apresentação e no sabor, como o Musashi. Com destaque, também, para o Dry Martini Oriental (R$49), releitura com sake extra dry, vermute dry, salmoura de sunomomo e pepino.
Como boa casa japonesa, é possível encontrar uma carta de uísques renomados do Japão, além de rótulos premium de saquês, que são servidos em taça longa, como o Tanrei Jumai, seco, com sabor límpido e aroma frutado.
SERVIÇO
Watanabe Restaurante – Rua Pedroso Alvarenga, 554, Itaim, São Paulo, SP. Horário de funcionamento: de segunda a sábado, das 12h às 15h (almoço); das 19h às 23h (jantar às segundas-feiras) e das 19h às 0h (jantar de terça-feira a sábado). Não abre aos domingos. Tel. (11) 3167-6200. @watanaberestaurante