Quando chegou ao Brasil em 1997 com a proposta de investir em cortes especiais do churrasco argentino, o Corrientes 348 alçou o estrelato imediato e ganhou a preferência de parte do público que buscava opções diferentes de churrasco. Encontraram, então, um tipo ainda pouco difundido na cultura popular do Brasil.
Com o tempo, a casa foi vendo sua proposta se popularizar e, com isso, sua identidade se diluir em um processo de expansão que a levou a outros bairros de São Paulo e ao Rio de Janeiro. Foi apenas em 2014, com a chegada do restaurateur Jair Coser, que a Corrientes 348 voltou aos trilhos e se manteve relevante no mercado das carnes.
É, portanto, surpreendente que, ao longo de uma década, a casa tenha conseguido manter não apenas a qualidade de seu discurso protagonista – e pioneiro -, mas a qualidade de seu menu. Os pratos são bem executados, há uma variedade surpreendente na carta de vinhos e, embora os drinks resultem menos imponentes, há boas opções para os fãs dos alcoólicos artesanais.
De início, é preciso ser cuidadoso com as entradas. Caso a escolha sejam as empanadas, opte pela porção de seis em versão mini (saem a R$55). O melhor é investir naquelas feitas com queijo. As de carne resultam mais insossas. Para tirar a prova, o ideal é a opção mista.
Vale mesmo o Chorizo Argentino (R$78 a porção completa ou R$71 a individual), clássico imbatível. Bem temperadas, ss linguiças são servidas com um saboroso tempero de ervas finas. A casa trabalha com outras opções de chorizo, como a picante (R$71 a R$78) e a recheada com queijo (R$82).
Muito bem servidos, os pratos principais são tão opulentos quanto saborosos, portanto o ideal é pedir uma porção individual (a não ser que haja uma mesa cheia, então é possível compartilhar). O Carré de Cordeiro (R$232, 500g) é uma das melhores opções do menu. É suculento e servido ao ponto com um tempero que realça o sabor, sem dividir protagonismos.



Como acompanhamento, por outro lado, a Papa Parrillera con Monteca (R$62) rende menos. Trata-se de uma porção de batata grelhada com manteiga de ervas. O ponto está mais próximo das batatas ao murro do que de porções simplesmente assadas, enquanto a manteiga de ervas resulta insossa.
É ponto destoante em um menu tão diverso quanto imponente. O filé mignon com alho e abacaxi grelhado é saboroso e o ponto da carne (ao ponto) ajuda a ressaltar o tempero. A junção de alho e a mera menção ao abacaxi são suficientes. O prato leva o nome de Lomito Light e é servido em duas porções: inteira (R$188, vale com uma mesa cheia) e meia (R$152, o ideal é levar para a viagem). Bom custo-benefício.
Para acompanhar, vale investir no excelente Arroz Parrillero (R$62) feito com linguiça picante, ovos e batata palha. É uma (boa) refeição à parte. Vale visitar diferentes unidades da casa, mas a dos Jardins, na rua Bela Cintra, é especialmente charmosa, com sua adega à vista e salão espaçoso com chão de mármore frio.
O menu das sobremesas, por outro lado, é onde a casa brilha menos – um real reflexo da inabilidade argentina para grandes doces. Ambas as panquecas (Manzanas a R$52 e Dulce de Leche, de R$39 a R$52) são menos saborosas.
Se a primeira, feita de maçã com sorvete crocante e amêndoas, tem o gosto de queimado mais presente do que a maçã, o de doce de leite peca por não apresentar nenhum elemento que quebre a hegemonia doce. Ainda assim, vale a visita para constatar que, ao longo de quase 30 anos, um restaurante que se metamorfoseia em uma rede ainda tem a chance de manter uma assinatura dentro da (alta) gastronomia.
SERVIÇO
Seg. a sáb., das 12h às 23h30; dom., das 12h às 21h. Endereço: r. Bela Cintra, 2305, Consolação, região oeste. Tel.: (11) 3088-0276. @corrientes348br