Até o dia 20 de outubro, as fotografias e ilustrações fixadas às paredes do La Casserole, que contam a história dos 70 anos do restaurante, serão guardados temporariamente para conceder espaço ao seu primeiro vernissage. A mostra coletiva, que conta com a curadoria de Marina Frúgoli, reúne 38 obras de sete artistas visuais entre mulheres cisgênero, trans e pessoas não-binárias.
A exposição levanta questões sobre as relações entre a humanidade, a natureza e a cidade, abordando temas que envolvem o La Casserole e a gastronomia. As obras refletem como as plantas desenvolvem estratégias de sobrevivência na cidade, ocupações do espaço público e como a ancestralidade impacta nossa forma de estar no mundo. Esta última temática se relaciona com a passagem do restaurante de geração em geração.
Com obras que oscilam entre figurativo e abstrato, pintura e desenho, Renata Pelegrini reflete sobre ancestralidades na série Antenati, inspirada em raízes de orquídeas. A herança também é tema das obras da artista indígena Yala Silva. Em sua gravura ‘Apenas milho?’, ela retrata sobre o cereal de uso versátil, alimento ancestral de povos indígenas da América hoje comercializado como commodity.
Sem idealizações, os desenhos de Juliana Russo, publicados no livro Pequenos Acasos Cotidianos (2019) ilustram o existir em São Paulo. Além disso, destacam, também, a resistência do centro da cidade, postura intrínseca à história do La Casserole. A partir do lema “Moda é instrumento de revolução”, as pinturas de Deysona trazem sua paixão pelo poder de comunicação da estamparia ao mesmo tempo em enaltece mulheres negras
Criadora de seres híbridos, a artista Efe Godoy os incorpora em fabulações na série de aquarelas bicho, planta e feitiço. Atribuindo aos animais partes de plantas e flores que remetem à gastronomia e à floricultura situada em frente ao restaurante. Já Kika Levy, artista que expande os limites da gravura, expõe a série Folhas de Relva. Com a técnica monotipias, as obras foram feitas com plantas comestíveis colhidas da Horta das Corujas, na Vila Beatriz, região oeste de SP.
Finaliza a seleção o trabalho têxtil de Bruna Amaro, com uma combinação de temas relacionados às festas populares, às religiosidades e à violência de gênero. Feitas com bordado, prática que Bruna defende ser uma técnica artística feminina tradicionalmente negada à categoria de belas artes.
SERVIÇO
Endereço: Largo do Arouche, 346, região central. Horários: seg. das 12h às 15h; ter e qua., das 12h às 15h e 19h às 23h; qui. e sex., das 12h às 15h e 19h à 0h; sab., das 12h30 às 16h e 19h à 0h e dom., das 12h30 às 16h30. @lacasserole1954